Durante a Idade Média, o poder da Igreja era tão grande que sua autoridade era quase inquetionável, mesmo assim já haviam aqueles que ousavam discordar dos seus ensinamentos e da sua prática. Essas pessoas eram consideradas hereges, ou seja, transgressoras da doutrina e dos dogmas católicos, sendo por isso perseguidas pela Igreja.
No século XV, o fortalecimento da burguesia e o interesse dos reis em ampliar seu poder, foram decisivos para fortalecer a crítica à Igreja Católica e provovar sua divisão.
O início de tudo
Em 1517 o papa Leão X decretou a venda de indulgências (documentos que assegurariam o perdão dos pecados de uma pessoa, em troca de uma quantia em dinheiro).
Na Saxônia (atual Alemanha), o monge Martinho Lutero revoltou-se com o decreto do papa e, como resposta, pregou na porta da catedral de Wittenberg um documento com 95 pontos contrários aos ensinamentos e às práticas da Igreja Católica.
Em 1520, Lutero foi declarado herege e excomungado da Igreja, pois recusou-se a voltar atrás na defesa de suas idéias. Apoiado por príncipes alemães, Martinho Lutero continuou difundindo sua doutrina iniciando, assim, a Reforma Protestante.
A doutrina da Reforma
A doutrina luterana tinha três pontos principais:
*Justificação pela fé - a pessoa é salva por meio da fé e nao pelas obras que pratica;
*Sacerdócio universla - todos os crentes podem interpretar os textos sagrados por si mesmos;
*Negação da infalibilidade da Igreja - a única fonte da verdade é a Bíblia, e não a tradição ensinada pela Igreja.
Outros movimentos reformadores
A Reforma Luterana abriu caminho a novos movimentos reformadores, como o calvinismo e o anglicanismo.
O francês João Clavino, defensor da reforma de Lutero, entrou em contato, na Suiça, com outras idéias protestantes, que o ajudaram a formar uma nova doutrina, o calvinismo. Calvino manteve quase todos os princípios luteranos, mas estabeleceu uma diferenciação radical do luteranismo ao criar a idéia de predestinação absoluta.
O movimento reformador na Inglaterra teve origem essencialmente plítica, pois o rei Henrique VIII, da dinastia Tudor, queria divorciar-se de sua esposa Catarina de Aragão (filha dos reis católicos da Espanha), porque ela não conseguia lhe dar filhos homens. O papa não concedeu o divórcio. Diante disso, em 1531, Henrique VIII rompeu com a Igreja de Roma. Três anos depois (1534), o Parlamento inglês aprovou o Ato de Supremacia, que proclamou o rei o único e supremo chefe da Igreja inglesa, a igreja Anglicana. Henrique VIII pode, então, nomear bispos e desapropriar terras da Igreja Católica e distribuí-las entre os nobres ingleses.
A Contra-Reforma
A Contra-Reforma, ou Reforma Católica, surgiu no interior da Igreja Católica com dupla finalidade: conter o avanço do protestantismo e discutir as críticas internas da própria Igreja.
A Igreja tomou medidas para reorganizar sua estrutura interna. Entre 1534 e 1590 as finanças foram reorganizadas, exigiu-se o preenchimento dos cargos da Igreja por padres destacados pela integridade moral e adotou-se uma plítica intolerante com os padres de conduta duvidosa.
Detalhe da obra de François Dubois, do século XVI, A noite de São Bartolomeu.
Entre 1545 e 1563, os cardeais católicos, sob a direção do papa, reuniram-se na cidade de Trento, na Itália, para discutir as reformas.
O Concílio reafirmou a doutrina católica e a organização da Igreja. Negou as mudanças doutrinárias realizadas pelos reformistas, confirmando os sete sacramentos, o culto à Virgem Maria e aos santos. Enfim, confirmou que as fontes da doutrina católica são as tradições e a Bíblia.
O Concílio de Trento acabou reafirmando a divisão da comunidade cristã, iniciando uma acirrada disputa entre católicos e protestantes em busca de adeptos.
A Igreja utilizou vários meios para conter o protestantismo e alcançar novos fiéis, tais como:
- expandir a fé católica além da Europa (evangelização dos povos da América, empreendida pela ordem dos jesuítas);
- reativação do Tribunal do Santo Ofício (ou Inquisição, que agia como guardiã da fé católica, punindo os suspeitos de agir de forma condenável pela Igreja);
- Criação dos ìndices Proibidos - O Index (lista de livros censurados pela Igreja, considerados prejudiciais à fé católica);
- Publicação do catecismo (resumo da doutrina católica).
Esses instrumentos foram eficientes, principalmente nos países da Península Ibérica, onde a Reforma Católica teve o apoio dos reis católicos da Espanha e de Portugal.
A divisão da Europa
Em meados do século XVI, os cristãos europeus estavam divididos em várias igrejas. Dentro de cada país as pessoas eram obrigadas a seguir a religião do rei. Por exemplo, nas regiões da Alemanha onde o luteranismo havia sido adotado, os católicos foram perseguidos. Na Espanha, a Inquisição perseguiu protestantes, judeus, cristãos-novos (filho ou neto de judeus convertido ao cristianismo) e muçulmanos.
Do vasto domínio da Igreja de Roma na Europa, restaram apenas Península Itálica, Espanha, Portugal, Áustria, França, Polônia, sul da Alemanha e Irlanda. Mesmo assim, nesses países, os protestantes tinham muitos adeptos.
Católicos X calvinistas na França
Foi na França que a divisão entre católicos e protestantes se manifestou de forma mais violenta. A divisão mais acirrada opunha os católicos aos calvinistas, chamados na França de huguenotes.
No reinado de Carlos IX as tensões se agravaram. O momento mais grave ocorreu em 24 de agosto de 1572, na chamada Noite de São Bartolomeu, quando cerca de 3 mil huguenotes foram massacrados em Paris a mando da mãe do rei, a católica Catarina de Médicis.
Na França, milhares de pessoas morreram numa onda de guerras religiosas que foi desencadeada por essa noite. O conflito só terminou com a promulgação do Edito de Nantes, em 1598, que concedeu liberdade de culto no país.
Fonte: http://vemfazerhistoria.blogspot.com/